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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Bovespa cai pressionada por commodities

A bolsa de valores brasileira acabou por sucumbir ao nervosismo e fechou em queda nesta quinta-feira, com a desvalorização de papéis ligados à commodities e da própria BM&FBovespa arrastando o índice, mesmo com a ligeira alta observada no mercado norte-americano.
O Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro, fechou em baixa de 1,07 por cento, aos 69.652 pontos. Na máxima o índice chegou a subir quase 0,8 por cento. O giro financeiro foi de 7,33 bilhões de reais.
Durante a parte da manhã, o Ibovespa subiu em linha com os mercados em Nova York. Porém, na parte da tarde o mercado brasileiro não conseguiu sustentar a alta, abatido pela desaceleração dos principais índices de Wall Street e em meio a uma série de dúvidas como as perspectivas de novas medidas do governo no âmbito cambial e frente à reunião do G20, que começa na sexta-feira.
"Esta semana estamos pior do que o mercado externo. Os mercados estão desequilibrados, a volatilidade é grande com a reunião do G20, é até natural, e com a promessa do governo de tomar mais medidas se preciso os mercados ficam mais sensíveis", afirmou o economista-chefe da corretora Ágora, Álvaro Bandeira.
Nos Estados Unidos, os principais índices de ações conseguiram terminar o dia em leve alta, em sessão volátil. Bons balanços corporativos ajudaram o Dow Jones a subir 0,35 por cento e o Standard & Poor's a ganhar 0,18 por cento.
No Ibovespa, as blue chips ajudaram a levar o índice ao vermelho. As preferenciais da Petrobras recuaram 3,32 por cento, para 24,16 por cento, enquanto que as ordinárias perderam 2,98 por cento, para 26,68 por reais.
As preferenciais da Vale registraram queda de 1,97 por cento, para 48,33 reais, e as ordinárias cederam 1,61 por cento, a 53,90 reais.
Mais uma vez esta semana as ações da BM&FBovespa registram perdas acentuadas. O papel da empresa caiu 3,2 por cento, para 13,63 por cento, e teve o terceiro maior giro do pregão, atrás apenas das preferenciais de Petrobras e Vale.
O presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, disse nesta quinta-feira que levará de 15 a 20 dias para que a bolsa tenha uma estimativa do impacto em seus negócios da elevação do IOF para estrangeiros nas margens de garantias em derivativos, anunciada pelo governo na segunda-feira.
Do lado positivo, a maior alta da sessão entre as ações dentro do Ibovespa ficou a cargo das ordinárias da produtora de celulose Fibria, que dispararam 7,68 por cento, para 28,88 reais.
Dados da Pulp and Paper Products Council (PPPC) mostraram que os estoques globais de celulose caíram em setembro em dois dias, para o equivalente a 32 dias de demanda. Além disso, os embarques de celulose no mundo cresceram 14 por cento em setembro na comparação mensal, para o maior nível desde o começo de 2008, com destaque para a demanda chinesa.
Os indicadores da PPPC levaram analistas a descartarem, ao menos para o curtíssimo prazo, a possibilidade de uma redução de preços da celulose.
COMMODITIES? MAIORES EXPLICAÇÕES ABAIXO:
1- O que é uma Commoditie?

Commodities são produtos "in natura", cultivados ou de extração mineral, que podem ser estocados por certo tempo sem perda sensível de suas qualidade, como suco de laranja congelado, soja, trigo, bauxita, prata ou ouro. Atualmente também são consideradas commodities produtos de uso comum mundial como lotes de camisetas brancas básicas ou lotes de calças jeans.

2- Pra que serve uma Commoditie?
As Commodities são uma forma de investimento, uma opção entre as tantas opções de investimento no mercado, como poupança ou Fundos de Investimento.
PLUS 1- Então uma saca de trigo é uma commoditie que posso negociar?
Não, para um dos produtos citados ser uma commoditie, isto é, uma forma de investimento, é necessário que exista uma estrutura de mercado onde vendedores e compradores se encontram e onde se torna possível essa forma de investimento.

3- Mas como se funciona um investimento em Commodities?
Um investimento em Commodities se faz através do Mercado de futuros, que em linhas básicas funciona da seguinte maneira: Você compra no mercado de futuros um contrato com um grande produtor de laranjas, estipulando que ele se compromete a entregar daqui a sete meses 400 toneladas de laranjas, pelas quais você se compromete a pagar R$140,00 por tonelada. Nessa transação você espera poder vender esse contrato de laranjas para algum interessado, antes da sua data de vencimento, por um preço maior por tonelada do que pagou, obtendo lucro na transação.
Como qualquer tipo de investimento, a opção de investir em Commodities será analisada por seu:
Retorno: Ganho percentual sobre o capital investido que se espera ganhar em comparação com outras formas de investimento.
Risco: Incerteza quanto a investir em uma opção de investimento
Na análise quanto ao risco e retorno de um investimento, a escolha varia de pessoa para pessoa, já que alguns aceitam riscos maiores em troca de retornos maiores enquanto outras pessoas preferem retornos menores mas com riscos também menores.

4- Mas o que fazer com tantas laranjas se eu não conseguir vendê-las?
Como investidor, ou melhor dizendo, como especulador você não vai ter nenhuma posse física das Commodities que negocia, você somente vai comprar e vender contratos como outros tantos investidores antes da data de vencimento dos contratos. Assim, pode ser que daqui a cinco dias você ache que o preço por tonelada de laranjas está satisfatório em R$145,00 e o venda para outro especulador. Pronto, vocês fez a operação no Mercado de Futuros e nem por isso teve de se preocupar em onde colocar 400 toneladas de laranja.

5- Então Commodities são iguais a ações da Bolsa de Valores?
Não, o Mercado de Ações e o Mercado de Futuros (que negocia as Commodities) têm diferenças.
No Mercado de Capitais (ações), se negocia tanto ações "velhas", emitidas há vários anos, quanto ações "novas", emitidas por uma empresa nova por exemplo. Nesse mercado há a distribuição de dividendos (como que uma participação nos lucros das empresas a acionistas possuidores de ações especiais que recebem esse dividendos) .
No Mercado de Futuros somente se negocia produtos disponíveis para consumo imediato ou futuro, não se poderia negociar o trigo consumido a cinco anos por exemplo. Nesse mercado não há a distribuição de dividendos.

6- Então no Mercado de Futuros somente circulam especuladores atrás de lucros?
Mais ou menos, no Mercado de Futuros cerca de 90% dos negócios são feitos com finalidade especulativa, mas também existem compradores que desejam o produto final. Por exemplo, a Nestlé tem como matéria-prima básica para sua linha de produção de chocolates o Cacau, e para manter um nível de produção regular ao longo do tempo, a Nestlé compra no Mercado de Futuros contratos de Cacau a um preço acertado que lhe permita manter também os custos e o preço final do produto. Outra vantagem para os consumidores finais da Commodities é o ganho com a eliminação dos custos de estocagem e manuseio da produção.

7- Mas e se o produtor de uma Commoditie que faz um Contrato Futuro sofre uma quebra de produção, não podendo mais honrar o contrato?
Nesse caso, o produtor terá que comprar um outro contrato no mercado na mesma proporção que o seu, seja mais caro ou mais barato, de modo que quando chegar a data término do seu contrato, também o contrato que comprou vencerá e então cumprirá o contrato com a produção de outro produtor. O produtor na verdade anula seu contrato. É por esse motivo que os produtores de Commodities tratam com tanta discrição as informações sobre a produção, para poderem realizar operações de anulação se necessário. Por exemplo, o relatório sobre a produção de laranjas nos EUA tem data marcada para ser apresentado para o público.

8- Mas o que um especulador faz se o preço da Commoditie da qual tem um contrato começa a cair.
Nesse caso, se o especulador não acredita a alta de preços daquela Commoditie ou se prefere anulá-lo naquele momento temendo perdas maiores, então realiza um processo de anulação igual ao que o produtor faria se houvesse quebra de sua produção, pagando a diferença entre os contratos, sendo este seu prejuízo. Esse tipo de contrato é chamado de "Short Position".
Também pode ocorrer do especulador acreditar que o preço da Commoditie subirá antes do final do contrato que possui, então ou manterá o contrato ou comprará de alguém que o está "passando para frente" como um "Short Position", então esse será um contrato de "Long Position" para esse especulador.

9- Onde são negociados esses Contratos Futuros?
Esses contratos são negociados nas Bolsas de Mercados e Futuros, como a BM&F brasilieira, as bolsas de Chicago, Londres, New York, ...

10- É o próprio especulador que faz os contratos com o produtor?
Não, como nas Bolsas de Valores, os negócio são realizados através de corretoras que recebem remunerações em percentagem dos contratos, ou se os ganhos em um contrato são grandes, ganham também participações no lucro.


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